terça-feira, 30 de junho de 2009

Cabocla - ao 2 de Julho!

foto da antropóloga Vera Rocha

O dois de julho é a festa mais agradável da Bahia. Uma mistura fulgurante de imagens, informações, vestes, motivações, histórias, valores, sabores, dizeres, ações, e lá: acontecimentos. Adoro a Parada do Dois de Julho, em Salvador. Tem sido, em mim, mais divertida que o carnaval. Um rolar de coisas etno-históricas e , sem arroubos científicos, de coisas da alma humana, do nosso fazer existencial, do estar na vida em movimento; do presenciar a alegria, fazer política e SER. Adoro.

Este ano não tomarei cevejas e verei sobriamente o Caboclo e a Cabocla em reverência à saúde e à vida! Chetu Navisala!!!Esperança é assim!


Beleza

Mariana Aydar
Mayra Andrade
Ouvir o CD Peixes Pássaros Pessoas, o mais recente da delícia Mariana Aydar, é desfilar por dentro de personalíssimas interpretações do samba brasileiro. O trabalho continua afirmando o talento da cantora que despontou para o Brasil, com o Kavita 1, e contou com a deslumbrante participação de Leci Brandão, em Zé do Caroço. No Peixes..., ela canta com a voz e segurança de veterana, um jeitinho de iniciante, imagem descolada, cabelo desgrenhado, e muita musicalidade. Tem participação de Zeca Pagodinho e a lindíssima Palavras não falam, assinada pela própria Mariana Aydar. Agora, surto de gostosura, suingue musical, mistura de vozes lindas, mulheres cantando, letra precisa( salve a canção !), é o encontro de Mariana com a cabo-verdiana, Mayra Andrade, na canção Beleza, de longe e de perto, a mais bonita do CD. Tá provado: Mariana sabe juntar-se a seus pares e se consolida como artista da canção, nos trazendo coisas bem interessantes, ou melhor, emocionantes. Vejam a letra:
Aqui, eu sei, um brilho me mantém, não pára
Na dor, a cor não falta, não
E não gasta
Calou, me vem, subindo, me mantém acesa
Vazou pra ti,
Se chegou aí, beleza
Aqui, eu sei, um brilho me mantém, não pára
Na dor, a cor não falta, não
E não gasta
Calou, me vem, subindo, me mantém acesa
Vazou pra ti
Se chegou aí, beleza
É nosso Sol, é nosso ardor,
É nosso tanto de calor
Que vem, que vai, inunda o céu de cor
É sensual, fenomenal,
Um ritual de exaltação
Ao deus que for das práticas do amor
Rodrigo Campos/Luisa Maita
P.S: Ao deus que for das práticas do amor( se possível, noturno).

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Maria Bethânia: a Bahia em reiteração e movimento

O maior herdeiro da Bahia perfilada por Dorival Caymmi e Jorge Amado e reargumentada por Carybé e Pierre Verger, entre homens e mulheres, é a cantora Maria Bethânia. O seu trabalho artístico trilha um caminho de significações que espelha o imaginário religioso do nosso Recôncavo, que tipifica costumes do povo daqui, que incorpora falares, sonoridades, movimentos, sentimentos e investiga outras possibilidades culturais sem abandonar o que ela, a grande cantora, escolheu para si como fonte primeira de criação lítero-musical: a Bahia litorânea luso-africana.
Neste mês de junho, foi lançado nacionalmente, pela gravadora Biscoito Fino, o esperado e demorado DVD Dentro do mar tem rio, resultado audiovisual do show homônimo de Bethânia que percorreu o Brasil durante quase dois anos (2007-2008), imprimindo as marcas míticas de uma Bahia que não se aparta e nem se apaga no repertório desta artista, que nos últimos anos tem se mostrado uma grande pesquisadora e divulgadora de traços culturais brasileiros, muitas vezes esquecidos pela mídia.
O trabalho da Abelha Rainha tem sido propulsar narrativas populares que dão sustentação religiosa a práticas do candomblé e do catolicismo; tem trazido em construções temáticas um Brasil brejeiro, poético, simples e banhado em singularidades regionais, onde as da Bahia são sempre destacadas, e reimaginadas nas interpretações desta cantora do mainstream que mais etnologia leva para o cenário musical brasileiro. Suas ações estéticas legitimam o fazer do povo e abriga, lado a lado, a prosa de Guimarães Rosa e a poesia do cordelista Antonio Vieira; homenageia Sophia de Mello Breyner, a grande poeta portuguesa, ao mesmo tempo em que canta um ponto de caboclo, dos candomblés de “nação angola”, a Pedrinha de Aruanda.
Dentro do mar tem rio é uma espécie de registro que pode explicar, em muitos aspectos, a presença negra na música popular brasileira: revelando orixás, caboclos, mitos do afro-Brasil; sonoridade percussiva em cadência com violões afinadíssimos e o singrar altivo da voz grave e rascante de uma das maiores cantoras do mundo contemporâneo.
Este DVD impõe-se como obra educativa: a cantora, nele, é uma espécie de contadora de histórias, um griot iorubano a perpetuar em sua fala, no caso dela o canto, os sentidos coexistenciais herdados dos ancestrais mais remotos e ali revividos em nome da longevidade cultural que nos dá identidade coletiva.
Este aparato musical, Dentro do mar tem rio, é o viço estético de alguém que não se cansa de ser Bahia, não se cansa de ser Brasil. Traz a Maria Bethânia de sempre, certeira naquilo que sabe fazer, alinhada à ideia de reiteração do que ela tira daqui como novelo de beleza e espalha pelo mundo, sem perder a tônica do necessário movimento presente em qualquer cultura.
P.S.: Publicado no Opinião do A Tarde e no Blog Jeito Baiano (http://jeitobaiano.wordpress.com/ ), ambos sob a batuta do editor Jary Cardoso, no dia 18 de junho de 2009, aniversário da cantora. A intenção, além de divulgar o belo DVD, foi parabenizá-la por sua festa natalícia. E, por mais que eu tente, não consigo deixar de amar esta mulher!

domingo, 28 de junho de 2009

De repente, Califórnia (2007)


Assisti no Arteplex Unibanco, praia de Botafogo, no Rio de Janeiro. Sessão de pré-estreia, sala lotada de gente querendo ver o "amor" numa versão gay. O filme é lindo. Um conto de fadas para as relações amorosas entre pessoas do mesmo sexo. Descomplicado e alusivo à ideia de que o amor entre os iguais é possível. Um romance, aos meus olhos que viram, ideal. Coisinhas da memória que dão tanta alegria. Até o filho-sobrinho aparece para dar ares de família, sem precisar ser a família heterossexual que dá legitimidade a união amorosa de acordo aos padrões ainda vigentes. Lindo. Porque cheio de esperança e de possibilidade. O casal é lindo e distante dos estereótipos que traduzem o ser gay. Lindo como diversão e sonho. O título em português é De repente, Califórnia, produção estadunidense de 2007, direção de Jonah Markovitz, e os atores são Trevor Wright(!) e Brad Rowe. Imperdível.

P.S: Chiquinho, não perca, você vai adorar!

sábado, 27 de junho de 2009

Um templo,o sorriso

Baía de Todos os Santos
Vê-la é sentir a beleza da Cidade da Bahia. É estar no âmago do que se constitui baiano,comungar com a natureza marítima que formata a alma de quem vive aqui. É descanso. O de dentro, profundo, familiar sem deixar de ser mistério. É descanso para os olhos de quem vive a buscar o lugar que abriga o amor. Aqui. Tombo da ilusão. Ficção solar sobre templos sagrados naturais que recebem oferendas, agrados,pedidos e refrescam o corpo com água salgada. Um misto de verde e azul dentro do soberano branco para exprimir mitos da nossa tradição negro-africana. E ainda tem sereias. Tem encantamento no reflexo da luz no mar. Espelho do mais belo sorriso. Paz por poder contemplar. Dia. Pingos de palavras transsólidas até a criação de asas. O lugar mais secreto guardado por todos os santos,orixás, encantados, anjos. E bruxas.
Vê-lo é se refrescar nas águas da Baía de Todos os Santos. É viajar sobre o sentido da beleza trazida pelo amor. É encontrar a paz dentro do desejo. É sonhar de verdade na própria terra. É estar no lugar da tal felicidade e diante de dentes brancos banhar-se do azul que só aquele sorriso possui. Dia desejando a noite para nus e sozinhos: abraçarem-se. Vê-lo é ter permissão em muitas possibilidades e, carinhosamente, sorrir também. Encontrar a porta aberta sem precisar de anúncios e batidas... A porta aberta e o prazer se entregando. Fios conectando-se, eles juntinhos pela paz do encontro amoroso. Demasiado carinho neste caminho das águas que nada pode apartar.
O templo Baía de Todos os Santos no sorriso mais querido.

Lição de Beauvoir

Simone de Beauvoir
"Quando eu me for e louvar os amores necessários que tive à luz, jamais me esquecerei dos amores contigentes, que passaram na sombra, mas que nunca deixaram de viver em mim".
Depois de tudo que não tive na ambiência movimentada e duradoura do amor, eis que me sinto feito de sombra e contigências; feito do sonho secreto de um fio imaginário me prendendo a um outrem que não me recebe e nem me sente na dimensão necessária para o exercício amoroso que preciso. Eis que me desobrigo a esquecimentos pois, o que é nosso é aquilo que não sai da gente, é aquilo que nos esforçamos para esquecer, que fingimos esquecer, que dizemos esquecer, mas no fundo da consciência é o que mais lembramos e, mesmo sofrendo, amamos lembrar.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O Rio em mim



Bravata das minhas palavras: nada explica a beleza do Rio. Eu estive no outro lado do centro de mim! Sou meio carioca - o lado negro do Rio. Mart'nália em minha alma. um monte de perguntas para levar para lá...Um pouco de paz e MAR MAR MAR MAR. Azul soberano com jeito de frio. Sol também e água doce. Quero me ter assim: aqui e lá, sem desertos mesmo que saudoso. Lá e aqui: esperançoso. De fato, não sei escrever a alegria! Rio em Salvador e Salvador no Rio: Brasil e depois Paris!!!

Michael Jackson ( sem palavras)

P/ Paulo Ubiratan Passos( in memorian)

Lá se foi o Peter Pan de carne e osso. O menino genial que tirava da voz fragmentos profundos que espelhavam a nossa emoção. Todos queríamos ser Michael Jackson, ou ao menos, vê-lo e ouvi-lo de perto e sentir aquilo de absurdo e vivo que a música popular traz. Deveriam inventar um elixir que combatesse os efeitos colaterais do grande talento. Deveriam cuidar melhor da gente quando criança na esperança de uma vida adulta mais legal, leve, onde coubessem criatividade, realização e AMOR.

Lá se foi a beleza sem rosto sem cor sem auto-aceitação de um dos maiores ídolos populares de todos os tempos...A voz dançante da eterna canção Billie Jean: minha vida nunca poderá se distanciar desta música que foi ressignificada pelo meu ídolo Caetano Veloso e que me colocava em socialização familiar junto a meu irmão( já morto) Paulo! Ele, Michael, era unânime naquele lugar que eu , muitas vezes, não me sentia fazendo parte: a casa onde nasci.

Do Jackson Five à carreira solo, Michael nos arrebatou...Até surgir Madonna em mim, em 1984, que sempre preferi mais em relação a ele,mas Michael nunca foi estancado e esquecido - nem quando espezinhado por grande parte do público e da mídia que o construiu como Mito!

Se foi ao meio da necrofilia de nós todos e agora vai embalar a indústria perversa da morte e mesmo que dilacerado, acusado e combatido, vai inteiro em seu projeto estelar alcançando o que sempre quis: a eternidade. Beijos, meu dançarino! Obrigado por ocupar momentos da minha infância e da minha adolescência de prazer e alegria.


quinta-feira, 25 de junho de 2009

Na Floresta da Tijuca/ Rio de Janeiro


Foi uma mágica da e da Natureza. Muita água para inspirar a caminhada e gerar momentos de contemplação interior. Foi um dia para a eternidade, ainda que preso à saudade presente, ainda que leve, ainda que solto, sob a proteção de Oxum e Oxóssi ainda que eu esteja ainda... Minha vida, às vezes, tem a intensidade da melhor felicidade e assim, eu continuo. Meu Rio de Janeiro: lugar de fulgor e das paisagens inesquecíveis. Minha outra terra. E eu estava na ambiência sublime da Floresta da Tijuca. Eu sempre volto a esta cidade.

sábado, 20 de junho de 2009

Excertos de mim no Rio de Janeiro: primeiro dia!


I
De súbito: o Rio de Janeiro. Expresso nessa lógica do não-racional - tinha que acontecer. E estou eu aqui. A perambular e a esperar que o algo aconteça. A esperar com esperança nos deuses para apagar o desânimo dos últimos dias.
Aqui na eternidade de um aeroporto. Entregue ao direito de esquecer amores e ídolo. Pronto para fazer, mesmo que eu escreva. Um tempo que me elimina da covardia. Estou bravo e em inteira coragem a favor da poesia. De tudo que é desconstrução - a ordem do contrário. Preciso ser. E ser diferente.
II

As horas me esmagam e eu vejo o Rio de Janeiro. A Igreja da Penha - aumentando, com a visão que tenho de suas escadarias, minha preguiça, meu sono. Devo fazer. E é o que estou fazendo: fazer. São 10h. da manhã e o primeiro chopp carioca me invade. Sinto falta. E falta é o desejo simbolizado. Quero minha alma clara, sensível, aberta para a liberdade do pensamento. Meu corpo quer se repetir, conhecer e assim, me ajudar a pensar, me ajudar a aprender. Meu corpo esse não entregue de mim.

O tempo agora é meu: estou a escrever e a marcar o olhar-audição de alguns possíveis leitores. Meu desejo é só de um;mas tenho que esquecer e esqueço entre a hesitação e a excitação - apertando a mão sobre a segunda. Dores da lembrança. Ou serão cores? Ou serão sabores? Não sei. Isso é a melancolia poética - aguardo ardendo minha visão ao vivo de Copacabana. Meu rio começa aí.

III

Carlos custa a desembarcar... Eu estou sozinho e sem novidades. A paisagem é linda. Feminina e masculina. Um me ocupa. Salvador está bem distante. Traço meu instante neste papel sem culpa: solidão. um pouco de medo. Quereres. O que me alucina. Agora o Rio é maior melhor abrigo que a Bahia. Carlinhos Brown desembarca e isso em mim é poder.

O que Deus quer de mim? Ou para Deus eu tenho muitos desejos? São sonhos minha alma? Eu queria lhe poder dizer. Publico acima do oceano do meu cansaço. Não desisto de doença e Fé. Deus me habita. Sou um tipo de deus desafiando a minha própria proteção. Que é divina.

IV

Outro chopp carioca no aeroporto. Tenho tanto a escrever. Tormentos a fotografar. Um ídolo a esquecer. Este dia é uma noite barulhenta e improdutiva. Tenho muito a escrever olhando o ir e o vir dos aviões que me fascinam. Viver e morrer: mote maior do fascínio em qualquer ser humano. Escrevo miúdo, pequeno e sem graça. Literatura é minha vida. Amendoim cozido, cerveja gelada, lágrimas nos olhos, Billie cantando, nada de festa de São João e eu noutro corpo nos amando. Tem que acontecer assim.

V

Escrevo miúdo e cinco é o começo para se chegar a sete. Escrevo miúdo para um diploma que se desobriga. Quero um panorama poético. Deserto e desalojamentos são armas contra a inércia e a prisão. No cinco de mim, soma de dois mais dois, estou perdido. Nada de choro nem consolo. Meus olhos pedem, sem sonho, Copacabana. Estou aqui na luminosidade tardia da Cidade Maravilhosa - sem entradas e nem acordos baianos - , daqui de uma poesia que me encharca da ANTROPOLOGIA que quero fazer. E vou. Pelo sete do ano que me inspira. Amor.
















quinta-feira, 18 de junho de 2009

Sem imagens

Tenho que ir para dentro do indizível buscar o silêncio salvador. Vou ao Rio olhar um pouco do novo que procuro e me abastecer de esperança. Deus! Eu não desisti - Ensina-me a criar minhas próprias coisas e a tomar melhor conta de mim. Vou escrever para conseguir ir além e permanecer o suficiente...Preciso de Ti. Ouve-me de dentro eu que escrevo de medo! Por uma nova condução à luz de um amor ternura e companhia. Já!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Gratidão e Respeito

Maria
São muitas páginas escritas em nome da poesia que me vem dela. Ela que tanto me afeta e clarifica minha vontade de escrever. Ela em sua forma de alento e força, formulando perguntas , dando algumas respostas, sistematizando sentidos que podem fazer valer a ideia de Brasil do povo, do mais simples, sem ser rasteiro, previsível e deseducado. O que escrevo sobre ela é para registrar o seu trajeto artístico solto em suas convicções e liberdade criativa; é para marcar a singularidade de expressão que ela imputa ao nosso país quando se repete, e quando se reinventa ela cumpre seu destino de mulher especial entre nós, que na canção, atualmente, a temos como o melhor artista brasileiro. Ela que é uma das maiores cantoras do mundo e está inscrita no orgulho de ser brasileira naquilo que muitos de nós temos vergonha de ser: populares. Ela que nasce água e alimenta continuamente a imagem de uma negra Bahia florada de fé em santos e orixás. Ela meio sertaneja e meio litorânea - por voltar-se para dentro - é universal. Algo a ser visto e lido em academias , artigos e ensaios, para que seu exemplo seja resguardado na memória cultural desta nação.
A mulher aclive, Maria Bethânia Vianna Telles Velloso,faz 63 anos, amanhã, 18 de junho de 2009, colhendo o que sua inteligência e obstinação plantaram no corpo e na alma dos brasileiros.
Acima de tudo, Maria é fé, música e poesia singrando há 44 anos o nosso cancioneiro. Uma mulher lendária, que para nossa sorte está linda , viva e cantando!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Profissionalmente


história
jornalismo
antropologia
literatura
poesia
esperança
P.S.: Não sou especialista. Eu sigo assim!

Retrato do vazio


Isso é para o que desabriga
Desaloja em nome de alguma confusão.
Para o que desorienta em profundidade
Esmaga as perspectivas e esvoaça.
Esmiuça desencontros solares
Estampa-se numa camisa
Devassa-se e continua...
Para além do esconderijo
Para debaixo do cadafalso
Para vãs subidas e a queda.
Para fora dos olhares
A vontade sob a mesa
Um disco na eletrola arranhando-se.
Isso é um paiol de cores sem escolha
Coisas da beleza fugidia
Sem nenhuma recompensa
Desenhos de busca
Falta de visão
Desatino do paladar
Indesejado descanso.
Mistura de banalizações
Escrita sem respiração
Água que não molha
Retrato do vazio
Barulho.

domingo, 14 de junho de 2009

Palavras não falam

Mariana Aydar
Pra'ocê
Eu não escrevo pra ninguém e nem pra fazer música
E nem pra preencher o branco dessa página linda
Eu me entendo escrevendo e vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco e ele me mostra o que eu não sei
E me faz ver o que não tem palavra
Por mais que eu tente, são só palavras
Por mais que eu me mate, são só palavras
Eu não escrevo pra ninguém e nem pra fazer música
E nem pra preencher o branco dessa página linda
Eu me entendo escrevendo e vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco e ele me mostra o que eu não sei
E me faz ver o que não tem palavra
Por mais que eu tente, são só palavras
Por mais que eu me mate, são só palavras
Eu me entendo escrevendo e vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco e ele me mostra o que eu não sei
E me faz ver o que não tem palavra
Por mais que eu tente, são só palavras
Por mais que eu me mate, são só palavras.

Entrelinhas do vazio

É domingo aqui. Nada do que posso significa.Tudo está para além e quando olho: o que vejo é pergunta. Eu apartado de mim nesse redemoinho chamado vida. Vou adiante numa parte minha e outra é solidão; outra é discórdia; outra canta com deslumbre e emoção a alegria de existir. Vou sem sair e o pior é a sensação de inércia e as máculas das repetições - ainda me quero por aqui mas é domingo. Assombro. Vozes mortas na minha memória vigorosa. Vozes de outrora meu mundo é vazio. Um letra brilha uma data em particular: nasço de vontade. Desejo sexual. Saudade da água. Minha boca a esperar. Os olhos que não me fogem. Ainda mais domingo. Os dias eram assim. Aqui meu pior silêncio no barulho que tento fazer. Não acontece: sou-me a minha inconclusão. Quero mais e nisso mais vazio. De tardinha no cinza que me veste. Escrevo vento levando meu carinho para dentro daquilo que deveria dizer ao pé do ouvido do nome que me arranca dos meus dias. Nada a fazer. Nada. Mas. Sim.

sábado, 13 de junho de 2009

Muito Obrigado Axé

Maria e Ivete

Fiquei triste e apreensivo com a ideia deste encontro. Depois de consumado: estou deslumbrado! Banhado na alegria por ver, de novo, outro encontro exitoso da Abelha Rainha, sendo belamente acompanhada por Ivete Sangalo. Ivete desfia carinho e respeito por Maria, que do lugar de rainha ilumina a deliciosa composição de Brown Muito Obrigado Axé. A junção contou com a bela voz de Ivete, com a grandeza musical de Carlinhos Brown, com a eficiente execução da banda da carnavalesca, com a batuta de Jaime Alem e para dar espiritualidade, credibilidade e Axé, a voz Bethânia naquela força de sempre; a força que nos põe perante ao sobrenatural, aos orixás! Estou viciado na gravação e joguei as armas para lá. Brown é apaixonante quando não canta os fundamentos da minha religião gratuitamente. Bravo!
A mágica é assim:
Odô, axé odô, axé odô, axé odô
Odô, axé odô, axé odô, axé odô
Isso é pra te levar no ilê
Pra te lembrar do badauê
Pra te lembrar de láI
sso é pra te levar no meu terreiro
Pra te levar no candomblé
Pra te levar no altar
Isso é pra te levar na fé
Deus é brasileiro Muito obrigado axé
Ilumina o mirin orumilá
Na estrada que vem a cota
É um malê é um maleme
Quem tem santo é quem entende
Quanto mais pra quem tem ogum
Missão e paz
Quanto mais pra quem tem ideais e Os orixás
Joga as armas prá lá
Joga, joga as armas pra lá
Joga as armas pra lá
Faz a festa
Joga as armas prá lá
Joga, joga as armas pra lá
Joga as armas pra lá
Faz um samba
Joga as armas prá lá
Joga, joga as armas pra lá
Joga as armas pra lá
Traz a orquestra
Joga as armas prá lá
Joga, joga as armas pra lá
Joga as armas pra lá
Faz a festa
Carlinhos Brown

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Edu O., artista!

Nossa Judite

"A arte não é para suplantar a vida, esta está acima de tudo. A arte está a seu serviço. E hoje que eu chovi tanto pelos olhos, pelo nariz, esperei anoitecer para ver o sol que está fazendo em mim."
EDU O.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Explode Coração

Maria

Claudinha Teles,
Um lindo dia para você. O que lhe seja inteiro sereno gostoso como você merece. Que tenha água para desbunde e a terra como segurança - espelhe sua alma de entregas amorosas e a música seja presença e explosão. Tudo amarelinho, creme, limpo, florido, bonito, confraternização. Harmonia em sua vida de luminosidade, paz e profundos aprendizados. Dança com o amor de frente e cerveja bem gelada. A beleza sua na beleza maestra de Maria Bethânia - eu lhe devolvo sua musa em sua canção favorita. Não podemos ( nem eu quero) escapar de Maria. Pela poesia e paixão que ela inscreve em tímpanos e veias que dão vida às nossas existências. Hoje João Gilberto também aniversaria; é, você é alto escalão...Meu amor-irmão sentencia: seja grande larga doce vívida e eternamente feliz. Te amo com resolução e prazer. Agora:
Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder
O que não dá mais pra ocultar e eu não quero mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor
E entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar
Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar
E se perder e se achar e tudo aquilo que é viver
Eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim
Como se fosse o sol desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor desta manhã
Nascendo, rompendo, rasgando, tomando, meu corpo
e então eu
Chorando, sorrindo, sofrendo, adorando, gritando
Feito louca, alucinada e criança
Eu quero o meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar, explode coração...
Gonzaguinha
P.S.: Vê se ouve e chora,viu? Beijos e vamos às cervejas!

Tolerância

Ana Carolina
Ela sempre diz coisas lindas em mim. Bebo e sofro superando o seu desgaste midiático. A moça é linda e tem talento. Ultimamente tenho me visto/ouvido nisso:
Como água no deserto
Procurei seu passo incerto
Pra me aproximar
A tempo
O seu código de guerra
E a certeza que te cerca
Me fazem ficar atento
Não me importa a sua crença
Eu quero a diferença
Que me faz te olhar
De frente
Pra falar de tolerância
E acabar com essa distância
Entre nós dois
Deixa eu te levar
Não há razão e nem motivo
Pra explicar
Que eu te completo
E que você vai me bastar, eu sei
Tô bem certo de que você vai gostar
Você vai gostar
Como lava no oceano
Um esforço sobre-humano
Pra recomeçar
Do zero
Se pareço ainda estranho
Se não sou do seu rebanho
E ainda assim
Te quero
É que o amor é soberano
E supera todo engano
Sem jamais perder
O elo
E é por isso que te espero
E já sinto a mesma coisa em seu olhar
Deixa eu te levar
Não há razão e nem motivo
Pra explicar
Que eu te completo
E que você vai me bastar, eu sei
Tô bem certo de que você vai gostar
Você vai gostar
Ana carolina/Antônio Villeroy

P.S: Eu nisso aí: ouve...


segunda-feira, 8 de junho de 2009

À beira-mar


Traga seu sorriso para perto de mim.
Sua alegria medida em doçura.
Sua delicada energia - seu corpo dentro do meu.
Traga seu cheiro. Mais poesia.
Uma nudez de paz.
Um sono acompanhado.
A esperança castanha dos seus olhos.
A suavidade do seu caminhar.
Traga o carinho que me fascina e me torna mais carente.
Música instrumental emoldurando o seu silêncio.
O toque da sua boca linda na minha.
Traga a chuva que aproxima
E o sol que vigora.
Traga seu mistério - tudo bem de dentro e proibido
Nossos destinos que não se apartam.
Faça-nos secretos, únicos e íntimos.
Cintilar concreto de tantas histórias.
Do seu lugar de agora,
Me diga sim.
Pouse levemente em minha vida,
O que sou é à sua espera,
Não há tempo para demoras.
Estacione suas asas no âmago da minha casa:
Em meu quarto, sobre a cama.

Palavra (En)Cantada

Maria

Um brinde gostoso à poesia. Récitas de palavras que vêm de dentro. Falares sedutores. Colorido de letras-canção. E Vozes. Vozes que se amalgamam à música e verso e nascem pura emoção.
É assim que o belo documentário Palavra (En)Cantada, de Helena Solberg, ano 2009, discute a relação entre música popular e literatura no Brasil, destacando nossos melhores compositores, cantores e alguns símbolos mágicos da literatura feita no Brasil. Tem Adriana Calcanhotto, falando e cantando. Tem os olhos ardósia de Chico ensinando. São cenas de inspiração para o som e para o verso. É coisa de amor que traduz muito a grandeza da canção neste nosso País. Tem Lirinha em récitas de fogo e sua beleza incomum. E como ninguém é de ferro, e quem pensa em música popular, em poesia, em literatura e quer registrar para o bem, tem Maria Bethânia - o dom da palavra cantada e "bendita"- uma redimensão de Eros e Psiquê ( lembranças fortíssimas) e o som lindo da música A palavra, de Moraes Moreira na voz da Abelha Rainha; só aí o documentário se justificaria. Imperdível.

Sob as águas de Maria


Amanheci impregnado dela com suas memórias das águas, seu deslizar estético sobre mim, sua voz como carinho caminho coragem, enfim, amanheci no centro do alívio e da satisfação.
Talvez hoje nem seja segunda-feira, seja sábado de manhã e eu com flores rosas levando a Iemanjá e sonhando com o abraço rápido de alguém que não desgruda de mim; talvez seja sexta-feira e eu com meus amigos queridíssimos tomando algumas cervejas; seja quarta e eu pronto para enfrentar qualquer opositor, eu cheio de sorte cheio de Iansã e Xangô! Mas ela cantando, marcando meus olhares com as cenas de suas mãos; dizendo cada palavra da forma mais precisa, ou melhor, da forma mais bonita, naquele português do coração. Linda, não me canso de escrever falar gritar calar na rota da beleza que vem dela. Amanheceres melhores: o perfume natural do corpo amado, poesias ao pé do ouvido, falares vazios, risos, lágrimas, contato, sexo...Quando não: exercício da Fé e da Paixão. Bethânia é assim; hoje ela me deixou assim e no DVD Dentro do mar rio, pra mim, as duas melhores interpretações são Iemanjá Rainha do Mar e Debaixo D'água/Agora. É por isso que estou debaixo de águas e Protegido. Axé!

sábado, 6 de junho de 2009

Ele naquele show


Foi mágico assistir ao show Zii Zie, de Caetano Veloso, ontem, dia 05 de junho,na Concha Acústica do TCA, de noitinha. Eu que esperava mais um e foi outro. Como Caetano se ilumina. E como aquela sonoridade juvenil foi vital para os novos dizeres do mestre baiano. O show foi tão lindo que eu nem imaginei a fala desencontrada dele sobre negritude, escravidão, abolição, cotas... Ele,no palco, irretocável, lindo, artístico,perguntando: eu sou neguinha?Ele tocando marcando sua voz belíssima e indo às profundezas da nossa audição para,de verdade,voltar a emocionar. Lindo. O show é melhor que o disco, além de nos trazer ele presente, ameniza o tom outonal do CD, imprime mais alegria e a gente ouve as canções Maria Bethânia e Irene, ri chora e silencia.

Foi mágico ouvi-lo em sua canção, minha favorita dele, Trem das Cores. Foi lindo porque tudo no show estava bem resolvido e Caetano ali é o Caetano propulsor de tantas belezas e de tantos avanços comportamentais neste país. Ali a negritude era marca registrada de nossa Poesia e Música. O show muito me emocionou e me trouxe para mais perto deste meu amor de sempre: Caetano Veloso. Emocionante e eu agradeço a ele.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Instantes


Apaga , eu acendo; apaga, eu me reacendo. Como se fosse eterno, mas não é. São instantes do meu coração querendo deixar luz amorosa no outro. É pensamento. Faíscas que orientam a memória querendo mobilizar uma boca em silêncio. É a estagnação do meu fogo alimentado por um único oxigênio: o dengo maior melhor mistério... Meu livro voando dentro da gaveta: uma homenagem discreta interna a uma primavera que não cansa de retornar. Com flores e pronúncias de amores: meios da minha ressignificação que é quase uma doença.
Minha vida é assim: lânguida aspiração de uma presença éterea ou vernacular...Toque do que mais preciso e, nada,calma, veja, não, é...Virtual.
Minha vida é assim: um fósforo aceso prestes a apagar mas a poesia e o profundo carinho que disponho me mantêm aceso...Carinho retro-alimentado em palavras que às vezes são para mim. Eu te amo. Simplesmente isso.

Mais impressões sobre poesia

Rubem Alves ( a crônica poética com lugar)

Sobre poesia, ele nos diz assim:
"Assim são as imagens poéticas: elas têm o poder de ir no fundo da alma onde moram os esquecimentos. E, quando um desses esquecimentos acorda, a gente sente um estremeção no corpo. É isso que faz a poesia. Ela cata pedaços perdidos de nós".

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Anna Akhmátova

(1889-1966)

Eu visitei o poeta
ao meio-dia em ponto. Domingo.
Quietude no amplo quarto
e, fora das janelas, o frio
e um sol cor de amoras silvestres,
envolto em névoa hirsuta e azulada...
Com que olhar aguçado o taciturno
anfritião olhava para mim!
Tinha olhos daquele tipo
de que a gente nunca se esquece;
melhor seria, cuidadosa,
eu não devolver seu olhar.
Mas me lembrarei sempre da conversa,
do meio-dia nevoento, domingo,
naquela casa alta e cinzenta,
junto aos portões do Nevá para o mar.
Janeiro de 1914

Contato com a cultura dos nossos ancestrais

Alunos - Jornalismo Unijorge 2009

Por Hugo Gonçalves
A convite do professor Marlon Marcos, estudantes de Jornalismo da Unijorge visitaram o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais antigos de Salvador.
Ontem foi um dia muito especial para nós, alunos do primeiro semestre de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da Unijorge (Centro Universitário Jorge Amado), pois o nosso professor de Antropologia, Marlon Marcos, nos conduziu a um ambiente estranho, onde convivemos com outra civilização, outra cultura e outra sociedade, que é exatamente a africana. É da África onde vieram os nossos ancestrais que, aliados ao índio nativo e ao colonizador português, formaram o mestiço, heterogêneo, poderoso, corajoso e hospitaleiro povo brasileiro, um alegre e extraordinário mosaico étnico.Marlon e nós, futuros jornalistas, fomos ao terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, localizado em São Gonçalo do Retiro, no Cabula, para uma observação participante com o objetivo de investigar antropologicamente o local, sendo recepcionados pela professora aposentada Célia Maria Silva.
A primeira etapa da nossa aula de campo foi a visita ao Museu Ilê Ohum Lailai (“casa das coisas antigas”), onde estão expostos permanentemente diversos objetos e costumes típicos da cultura afro-brasileira. No museu, encontramos instrumentos musicais de percussão, pertences das antigas ialorixás (mães-de-santo), armas, adereços, ebun etutu (surpresas de festa), representações dos orixás, folhas sagradas, comidas, enfim, toda a identidade cultural da Mãe África.No memorial, há também o Espaço Azul ou Iyá Kayodé, em homenagem a Maria Stella de Azevedo Santos, a Mãe Stella de Oxóssi, atual ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, uma reunião de peças históricas do seu acervo particular. Entre vários objetos expostos no Espaço Azul estão a cadeira e a máscara que Mãe Stella recebeu por ocasião de sua viagem ao Benin, em 1988; fotos; medalhas e o quadro “Caçador de uma flecha só”, pintado por Reinaldo, então aluno da Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos, situada no terreiro, em 1999.
O Ilê Ohum Lailai foi criado em 1981 por Mãe Stella e pela filha-de-santo Vera Felicidade, e reinaugurado, após restauração, em maio de 2000, com a presença do então ministro da Cultura, Francisco Weffort.O Ilê Axé Opô Afonjá, que significa “casa da força sustentada por Afonjá”, surgiu em 1910, no Pelourinho. Sua fundadora foi Eugênia Anna dos Santos, a Mãe Aninha, responsável pela liberação do culto afro-brasileiro, perseguido pelas tropas policiais no início do século passado. Com a fundação de um dos tradicionais terreiros de candomblé de Salvador, Mãe Aninha se tornou a primeira ialorixá até a sua morte, em 1938. Outras ialorixás se seguiram no comando: Mãe Bada (1939 a 1941), Mãe Senhora (1942 a 1968), Mãe Ondina ou Mãezinha (1969 a 1975) e Mãe Stella, empossada em 10 de julho de 1976, permanecendo até os dias atuais.Cada casa do terreiro homenageia um orixá: Oxalá, Xangô, Oxum, Oxóssi, Omulu, Yemanjá, Iansã...
Entramos em uma das casas mais bonitas e espetaculares do Ilê Axé Opô Afonjá: a Casa de Xangô, que é a construção principal, e nos reunimos, agachados, com mãe Stella de Oxóssi, matriarca há quase 33 anos, que aos 84 anos conserva sua energia, sua juventude e seu vigor. Na fachada da Casa de Xangô, uma bela e enorme escultura de fibra de vidro, de autoria do artista plástico Tati Moreno, retrata com coragem o orixá da justiça.Nossa observação participante ao terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, além de ser bastante proveitosa e de fundamental importância para a formação profissional jornalística, terminou com um forte abraço do professor Marlon a dona Célia, sua fiel auxiliar durante toda essa longa jornada de valorização etnográfica.Para finalizar, agradeço a todos os alunos do primeiro semestre de Jornalismo da Unijorge, principalmente àqueles que estiveram presentes na referida aula de campo: Ágata Fidelis, Amanda Carvalho, Ana Paula Maquiné, Bruna Correia, Bruna Esteves, Bruna Francesca, Camila Marinho, Caroline Garrido, Caroline Patriarca, Daiane Oliveira, Danilo Silva, Fernanda Magalhães, Luíza Mazzei, Maíra Figueiredo, Mariane Vieira, Mayra Lopes, Paulo Campos, Rafaela Hasselmann, Suiá dos Santos, Thamires Assad, Theisse Ávita e Whidianny Mayara, além de mim mesmo, que sou presença constante em outras atividades extraclasses.Também quero dedicar esta maravilhosa reportagem ao nosso grande professor de Antropologia, Marlon Marcos, e principalmente ao Ilê Axé Opô Afonjá pela valiosa contribuição, pelo estímulo, pelo carinho e pelo AXÉ durante a sua elaboração. Além dos alunos relacionados acima, quero agradecer àqueles que se ausentaram desse importante trabalho, como Lindiwe Aguiar, símbolo da resistência, da esperança e da força negra da Bahia.
P.S.: A visita foi realizada no dia 20 de maio de 2009; o texto foi construído pelo repórter Hugo Gonçalves em 21 de maio do mesmo ano.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mart'nália é diferença



Sim, é para falar de alegria, destreza, malandragem, segurança, esperança, naturalidade, transgressão, talento, samba, Bahia e Rio de Janeiro. Falar do que traz para este país, como diferença significativa, o trabalho da cantora Mart'nália. O que ela acrescenta no trânsito da sua criatividade e diverte e marca a gente de coisas belas que só a nossa negritude sabe e entende. Uma menina de Fé, símbolo perdido do feitiço eterno do Rio. Mulher, meio homem, da cor verde das matas, misturando-se ao jeito turquesa do que ela tem como pai e como mar na versão da Cidade Maravilhosa. E a Bahia está ali. E quando a filha famosa do mestre Martinho da Vila soube ao palco, canta, toca, conta, samba, brinca, a vida fica mais fácil e o sabor aumenta. Mulher que com sua música espalha desejo e a gente quer! Solar e inteira , coisa única que em autenticidade nos lembra Cássia Eller. No disco Menino do Rio ela foi produzida pela maestra Maria Bethânia e as duas alcançaram o êxito necessário e merecido para esta junção. Nada de milagre. Tudo foi trabalho e inspiração. Mart'nália é isso. Bethânia leva luz e sorte. Diferenças altaneiras do lugar chamado Brasil.